domingo, 16 de maio de 2010

Informativo da EREG-SE deliberado no COREGEO-SE IFF Campos

Geografia e sua práxis: as inquietudes do cotidiano


Não é novidade que o capital mantém uma relação promíscua com o Estado, e este atua hoje espalhando uma verdadeira rede de dominação sobre os espaços “democráticos”, culminando na criminalização da pobreza pelos que podem se apropriar da “seta dourada do consumo” produzindo e reproduzindo a atual estrutura social.

O cidadão a cada dia é entendido pelas esferas estatais e do capital como elementos abstratos em suas visões da sociedade. O exemplo destas transformações se vê nas contradições: trabalhadores x colaboradores, cidadãos x clientes x consumidores em que a ação cidadã na transformação do espaço se apresenta como coadjuvante.

O objeto de estudo amplo da ciência geográfica gera uma fragmentação que acompanha a geografia desde sua origem. Esta questão é contínua tanto na vida dos estudantes, quanto na vida dos profissionais da geografia. Sendo assim, a fragmentação das análises espaciais não privilegiam um olhar sobre um sistema integrado e complexo que é a relação homem x natureza, onde fica distorcida a análise de que esta relação não é estática e ocorre dentro de um mesmo espaço, desarmonicamente organizado.

Além disso, o cartesianismo e suas ramificações adicionados do cientificismo que está presente dentro da academia e a cobrança de produtividade que há em cima do aluno provoca um distanciamento ainda maior e um esvaziamento do movimento estudantil.

A geografia não deve perder o seu caráter transformador/interventor do espaço, sendo usada de forma comercial e assim exercendo uma manipulação de informações visando muitas vezes o lucro. Discutir o contexto em que os estudantes e profissionais de geografia estão inseridos, a inquietude sobre os rumos da geografia é entendida como questão latente para um debate. Neste sentido, refletir o mercado de trabalho é entender as demandas que este promove, onde é priorizada a formação profissional mais técnica, em detrimento das reflexões que buscam pensar o espaço de maneira mais crítica.

Neste sentido, entender o geógrafo dentro dos processos sociais, historicamente construídos, propõe-se pensar uma ação mais transformadora do espaço sobre os conhecimentos construídos na academia, a qual privilegia a reflexão do espaço vivido, para que existam, para além das reflexões, intervenções transformadoras do espaço na sociedade como um todo.

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