Geografia e sua práxis: as inquietudes do cotidiano
Não é novidade que o capital mantém uma relação promíscua com o Estado, e este atua hoje espalhando uma verdadeira rede de dominação sobre os espaços “democráticos”, culminando na criminalização da pobreza pelos que podem se apropriar da “seta dourada do consumo” produzindo e reproduzindo a atual estrutura social.
O cidadão a cada dia é entendido pelas esferas estatais e do capital como elementos abstratos em suas visões da sociedade. O exemplo destas transformações se vê nas contradições: trabalhadores x colaboradores, cidadãos x clientes x consumidores em que a ação cidadã na transformação do espaço se apresenta como coadjuvante.
O objeto de estudo amplo da ciência geográfica gera uma fragmentação que acompanha a geografia desde sua origem. Esta questão é contínua tanto na vida dos estudantes, quanto na vida dos profissionais da geografia. Sendo assim, a fragmentação das análises espaciais não privilegiam um olhar sobre um sistema integrado e complexo que é a relação homem x natureza, onde fica distorcida a análise de que esta relação não é estática e ocorre dentro de um mesmo espaço, desarmonicamente organizado.
Além disso, o cartesianismo e suas ramificações adicionados do cientificismo que está presente dentro da academia e a cobrança de produtividade que há em cima do aluno provoca um distanciamento ainda maior e um esvaziamento do movimento estudantil.
A geografia não deve perder o seu caráter transformador/interventor do espaço, sendo usada de forma comercial e assim exercendo uma manipulação de informações visando muitas vezes o lucro. Discutir o contexto em que os estudantes e profissionais de geografia estão inseridos, a inquietude sobre os rumos da geografia é entendida como questão latente para um debate. Neste sentido, refletir o mercado de trabalho é entender as demandas que este promove, onde é priorizada a formação profissional mais técnica, em detrimento das reflexões que buscam pensar o espaço de maneira mais crítica.
Neste sentido, entender o geógrafo dentro dos processos sociais, historicamente construídos, propõe-se pensar uma ação mais transformadora do espaço sobre os conhecimentos construídos na academia, a qual privilegia a reflexão do espaço vivido, para que existam, para além das reflexões, intervenções transformadoras do espaço na sociedade como um todo.
Rede de comunicação do Movimento Estudantil Geografia
domingo, 16 de maio de 2010
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